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Equador fecha o cerco para capturar matadores de candidato

Fernando Villavicencio, 59 anos, foi assassinado a tiros em Quito ao sair de um encontro político. Ele foi atingido com três disparos na cabeça


Fernando Villavicencio era jornalista e teria sido morto por denunciar narcotraficantes, segundo cientista político. Ele foi assassinado com três tiros



Equador – A polícia equatoriana prendeu, ontem, nove suspeitos de participar do assassinato de Fernando Villavicencio, candidato a presidente do Equador, morto com três tiros na cabeça depois de sair de um comício em uma escola na cidade de Quito, nessa quarta-feira (9), de acordo com autoridades locais.

O crime impactou os países sul-americanos, estendendo-se até aos Estados Unidos, inclusive entre a comunidade internacional a partir da Europa. Segundo informações iniciais, três criminosos efetuaram disparos de metralhadoras. Nove pessoas ficaram feridas, sendo que, entre elas, uma candidata à Câmara de Deputados e dois policiais.

Um dos suspeitos do crime foi morto depois de uma troca de tiros com a polícia, de acordo com o Ministério Público do Equador. Seis pessoas foram detidas por suspeita de envolvimento no caso.

No último vídeo em que Villavicencio é visto com vida, ele aparece saindo do colégio onde ocorreu o comício cercado por policiais que o ajudam a entrar em um veículo. Antes de fechar a porta, ouvem-se disparos e gritos.

A sede do partido MovimientoConstruye, ao qual Villavicencio pertencia, foi atacada por homens armados, de acordo com um texto do grupo em uma rede social.

O cientista político Maurício Santora explica que o trabalho de Villavicencio como jornalista no Equador teve como foco denúncias envolvendo o narcotráfico e a corrupção da elite política do país: “Ele mexeu em interesses de muitos poderosos”, disse Santora.

Na disputa pela presidência, uma pesquisa de intenção de voto publicada na terça-feira (8) apontou que Villavicencio estava em 5º lugar, segundo o jornal ‘El Universo’. A votação está marcada para o dia 20 de agosto.

Por meio de nota, o Itamaraty disse ter tomado conhecimento do caso “com profunda consternação”.

“Ao manifestar a confiança de que os responsáveis por esse deplorável ato serão identificados e levados à justiça, o governo brasileiro transmite suas sentidas condolências à família do candidato presidencial e ao governo e povo equatorianos”, publicou o ministério.

Tiroteio

O Ministério Público publicou uma nota na qual afirma que um suspeito morreu.De acordo com o texto, ele foi ferido em uma troca de tiros com agentes de segurança. O suspeito foi detido e levado, já muito ferido, a uma unidade policial que trata de crimes cometidos em flagrante delito em Quito.

“Profissionais de uma ambulância confirmaram a morte, e a polícia está dando seguimento ao processo de coleta do cadáver.”, disse a pasta.

O atual presidente, Guillermo Lasso, afirmou em uma rede social que o gabinete de segurança vai se reunir para dar uma resposta ao crime. “O crime organizado chegou muito longe, mas o peso da lei vai cair neles”, disse o presidente.

O general da polícia Alain Luna disse que entre os feridos há policiais. Ele afirmou que o incidente é um ato terrorista. “Estamos implementando um bloqueio na cidade, localização e operações básicas de inteligência, para encontrar os responsáveis”, afirmou ele.

Villavicencio tinha 59 anos, era um ex-sindicalista da empresa estatal de petróleo Petroecuador e, depois, tornou-se um jornalista que publicou histórias em que denunciava que a companhia perdeu milhões de dólares por negócios ruins.

Entre 2021 e 2023, ele foi deputado federal. Ele se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores.

O político era um adversário do ex-presidente Rafael Correa – em 2014, quando era jornalista, chegou a ser condenado a 18 meses da prisão porque a Justiça entendeu que ele cometeu injúrias contra Correa.

Ele afirmava que Correa tinha dado ordens para que o hospital da polícia fosse invadido por homens armados — à época, havia uma rebelião de policiais. Ele chegou a ir para o Peru como exilado político.

Villavicencio era casado com Verónica Sarauz e deixa cinco filhos.Na segunda-feira (7), funcionários do Conselho Nacional Eleitoral afirmaram que estavam recebendo ameaças de morte – a presidente da instituição, Diana Atamaint, foi quem fez o alerta.

Ela afirmou, ainda, que os funcionários públicos “estão expostos a essas circunstâncias, não apenas a receber ameaças, mas também à violência política”, como insultos em redes sociais.

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