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Países amazônidas exigem maior contrapartida de nações ricas

Encerrada ontem em Belém, cúpula elaborou declaração que contém exigências para a preservação do mais rico bioma do planeta. Lideranças aumentam poder de barganha


Lula e representantes de outros sete países definiram linhas de ação sobre a preservação da Amazônia que serão apresentadas à comunidade internacional



Belém – Efetivamente, a Amazônia é o maior poder de barganha que o Brasil e outros países da região têm nas mãos para exigir recursos das nações ricas como contrapartida à preservação desse rico bioma do planeta.

Em geral, as grandes potências só estão interessadas na preservação da rica biodiversidade amazônica, mas não se preocupam com o caboclo amazônico que praticamente tira o seu sustento dos insumos das florestas.

Ao longo de anos, a comunidade internacional exige que o Brasil priorize ainda mais a defesa dos recursos naturais. Porém, não oferece a contrapartida necessária para manter a sobrevivência de ribeiros, que se incluem nas camadas populacionais como maior vulnerabilidade social.

Ontem, os participantes da Cúpula da Amazônia divulgaram comunicado conjunto com as considerações finais do encontro. Intitulado Unidos por nossas Florestas: Comunicado Conjunto dos Países Florestais em Desenvolvimento em Belém, o documento reitera diversos compromissos voltados à pauta ambiental e pede vantagens a produtos florestais sustentáveis nos mercados dos países desenvolvidos.

“Reforçamos nosso entendimento de que o acesso preferencial para produtos florestais nos mercados dos países desenvolvidos será importante alavanca para o desenvolvimento econômico dos países em desenvolvimento”, diz o comunicado.

O documento reitera compromissos voltados à preservação das florestas, à redução das causas do desmatamento e da degradação florestal, bem como à conservação e valoração da biodiversidade.

Reforça também compromissos em favor de uma transição ecológica justa, partindo da premissa de que as florestas têm papel relevante para o desenvolvimento sustentável e para os desafios contemporâneos globais – o que inclui comunidades locais como povos indígenas.

“Manifestamos também nossa preocupação com o não-cumprimento, por parte de alguns países desenvolvidos, de suas metas de mitigação e relembramos a necessidade dos países desenvolvidos de liderar e acelerar a descarbonização de suas economias”, acrescenta o comunicado, ao propor, como meta, atingir neutralidade de emissões antes de 2050.

Compromisso

Os países signatários manifestaram também preocupação com o não-cumprimento de compromissos, por parte dos países desenvolvidos, com relação aos US$ 100 bilhões anuais prometidos para financiamentos climáticos nos países em desenvolvimento.

“Conclamamos os países desenvolvidos a contribuir para a mobilização de US$ 200 bilhões por ano, até 2030, previstos pelo Marco Global para a Biodiversidade de Kunming-Montreal para a implementação dos planos de ação e estratégias nacionais de biodiversidade”, diz o documento.

Lula enfatizou que os países em desenvolvimento com florestas tropicais estabeleceram duas frentes de ação importantes que deverão criar alternativas econômicas para a população ao mesmo tempo em que preservam a biodiversidade local.

O objetivo é levar os temas para discussão em fóruns internacionais sobre meio ambiente e mudanças climáticas. 

Uma delas é trabalhar pela definição de um conceito internacional de sociobioeconomia, que permita a certificação de produtos das florestas e geração de emprego e renda.

Outra frente, segundo Lula, é criar mecanismos para remunerar “de forma justa e equitativa” os serviços ambientais que as florestas prestam o mundo. 

Em declaração à imprensa após reunião na Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), Lula explicou que foram identificadas “enormes convergências” do Brasil com os outros países em desenvolvimento que têm floresta tropicais.  

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