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Justiça manda empresa indenizar tutora por morte de cachorro

Buldog francês morreu durante viagem entre Manaus (AM) e Boa Vista (RR). Animal morrer em compartimento sem climatização, segundo conta proprietária

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Braquicefálico (focinho curto), buldog ‘Bastião’ não podia viajar sem área climatizada
Braquicefálico (focinho curto), buldog ‘Bastião’ não podia viajar sem área climatizada

Da redação Amazônia em foco

Mais uma ação em defesa da causa animal. A Justiça do Amazonas condenou a empresa Caburaí Transportes a pagar R$ 10 mil à tutora do bulldog francês ‘Bastião’, que morreu em julho de 2021 durante uma viagem entre Manaus, no Amazonas, a Boa Vista, em Roraima.

O pet fez a viagem em um compartimento que a empresa oferecia para o transporte de cães. A decisão é de segunda instância, assinada pela desembargadora Maria Das Graças Pessôa Figueiredo, da 3ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho da Justiça estadual do Amazonas.

A ordem ainda cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça.

Para a desembargadora, ficaram “evidentes os abalos psicológicos” sofridos pela tutora Eliana Barbosa com a morte de ‘Bastião’. Além disso, a magistrada levou em consideração que ela pagou por uma categoria de viagem especial para pets com “acomodação climatizada”, o que não ocorreu no transporte do cão.

Eliana contou que a intenção em processar a empresa era para que o serviço de transporte de animais deixasse de ser ofertado por eles, mas a juíza concedeu apenas a indenização.

“A condenação já é um grande feito. Nada trará nosso ‘Bastião’ de volta, mas estamos felizes por ter tido um final”, disse a tutora. Consultada, a Caburaí Transportes ficou de posteriormente manifestar o seu posicionamento sobre o casio. Na época, a empresa disse que estava “tomando todas as medidas cabíveis e legais” Segundo Eliana, ‘Bastião’ era braquicefálico (nariz achatado) e não podia viajar em locais quentes ou abafados. Ao comprar a passagem, disse ela, garantiu um ”espaço pet” climatizado, o que não ocorreu na hora do embarque do animal.

No processo, a empresa alegou que a morte do bulldog francês foi por culpa exclusiva da vítima [Eliana] por ter contribuído para a morte do seu animal de estimação, quando o levou em viagem de 12 horas, em confinamento, para um animal que não estava acostumado a esse tipo de viagem, e por sofrer da síndrome braquicefálica. A hipótese não foi aceita pela juíza.

Morte

O bulldog francês fez a viagem com Eliana e seu filho, à época com 11 anos, para visitar a mãe dela, que mora em Roraima. A tutora destaca que a empresa pediu uma série de documentos que comprovassem a capacidade do animal de fazer o trajeto, como o atestado de um veterinário.

Mas, ao chegar na rodoviária de Manaus, ela conta que, mesmo em mãos, esses dados não foram solicitados no guichê.

“A casinha era muito menor e muito apertada. No momento em que levaram ele ao ônibus, eu acompanhei. Quando abriram o compartimento, logo vi que aquele local não era climatizado. Estava quente e ele não ia conseguir viajar em um local assim. O motorista me disse que tinha um botão, que quando eles fechassem a porta, o climatizador seria ligado e que ele ia ficar bem. Eles garantiram isso”, relatou a servidora pública.

Ao desembarcar em Boa Vista, no entanto, Eliana e o filho encontraram Bastião morto no compartimento. Ela conta, ainda, que a empresa alegou que o animal tinha problemas de saúde anteriores à viagem.

“Vai ser um grande vazio quando voltarmos para casa. Para mim, ele era como se fosse da família, era do meu filho. Eu tinha dado a responsabilidade para ele de cuidar desse cachorro mesmo com 11 anos e ele amava demais. Ele dizia que era o pai. Foi uma perda muito dolorida”, disse, sem esconder a tristeza.

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