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Reconhecimento facial causa transtorno na Câmara de Manaus

Vereadores ainda não se adaptaram à nova tecnologia, que acabou de ser instalada na CMM. Porém, a ferramenta não controla presença de parlamentares em plenário


CMM, vereadores em Manaus
Vereadores de Manaus tiveram muitas dificuldades para deliberar matérias no plenário, apesar de nova tecnologia que promete maior agilidade



O sistema de reconhecimento facial continua tumultuando os trabalhos da CMM (Câmara Municipal de Manaus). No segundo dia após o recesso parlamentar, grande parte dos vereadores não conseguir acessar a nova ferramenta, causando transtornos nas matérias a serem apreciadas em plenário.

Outra constatação é que 11 parlamentares estiverem ausentes da sessão plenária dos 41 do quadro atual da Casa.  Desde a instalação, o quórum não ultrapassou 33 presentes. A impressão é que a automatização dá mais transparência à Câmara Municipal, mas não coíbe a ausência dos quadros da CMM

Voz isolada da posição, Rodrigo Guedes (Podemos) disse que a presença pode ser contabilizada logo no início da sessão, mas dá liberdade para a saída após a abertura dos trabalhos. “É necessário pensar em soluções para garantir uma participação efetiva nas matérias sob análise”, defendeu ele. Ao contrário, Caio André, também do Podemos e presidente da atual Mesa Diretora, afirma que a nova tecnologia deixa o legislativo mais próximo da população. Preocupante quando há divergências entre dois integrantes do mesmo partido.

Além da marcação da presença, o sistema permite a contabilização dos votos em tempo real, integrado ao painel da Câmara. Para evitar que os vereadores se ausentem ao longo da sessão e seus votos sejam contabilizados por ausência de manifestação, um novo registro de presença passa a ser realizado na abertura da Ordem do Dia – momento em que os vereadores apreciam os projetos.

O problema, no entanto, segundo o vereador Rodrigo Guedes (Podemos), é que os vereadores podem simplesmente ir até o plenário no início da sessão, contabilizar a presença, mas se ausentar do plenário em seguida. Ele admite que o sistema é mais prático e um avanço tecnológico para o parlamento em relação à plataforma anterior, que utilizava sistema biométrico, mas reforça que é necessário pensar em soluções para garantir a presença efetiva dos parlamentares.

“Hoje, o sistema permite que o vereador fique cinco segundos na Câmara e registre presença. Não tem nenhum mecanismo que o vereador seja obrigado, de fato, a participar da sessão. Ele pode chegar às 8h45, registrar presença e ir embora. Ou pode chegar às 11h59, registrar presença e constar como se ele estivesse efetivamente presente. A gente precisa ter esse controle rígido, não pode com o parlamento sempre vazio, mas na prática, o político recebendo como se estivesse presente”, contestou ele.

Outro recurso para assegurar que estavam na sessão

Ao longo das duas sessões com o sistema implementado, houve dificuldade de alguns vereadores confirmarem a presença, recorrendo ao uso do microfone para assegurar que estavam na sessão. O maior impasse é em relação à internet, que, segundo o setor de tecnologia da informação da CMM, será ajustado com a instalação de uma intranet para atender o plenário.


“É uma coisa nova que nós vereadores estamos tentando nos adaptar e ele veio justamente para somar e trazer transparência para a população acompanhar os vereadores que estão desenvolvendo seu trabalho. Eu creio que cabe a cada vereador direcionar o seu trabalho”.
Vereador Ivo Neto (Patriota)
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Na sessão de ontem, estavam ausentes os vereadores David Reis, Sassá da Construção Civil, William Alemão, João Carlos, Márcio Tavares, Professora Jacqueline, Rosinaldo Bual, Elan Gilmar, Joelson Silva, Mitoso e Roberto Sabino.

Além da presença, os vereadores podem ter o voto contabilizado em tempo real. Eles também conseguem mudar um voto sim para o não até o fim das discussões sobre uma matéria. O voto aparece diretamente no painel eletrônico e em breve deve ser integrado ao Salp (Sistema de Apoio ao Legislativo).

O primeiro teste dessa função foi feito com a aprovação do Projeto de Lei 366/2023 que autoriza a doação de uma área situada no Igarapé dos Franceses/Cachoeira Grande. Na segunda etapa de implementação do sistema, os pedidos de destaque serão incluídos.

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