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Promotor manda acabar com ponto facultativo no Amazonas

Weslei Machado Alves move ação judicial para manter trabalhos durante os jogos da seleção brasileira feminina no Tribunal de Justiça e no governo do Amazonas

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Cor de rosa no comércio  de Manaus
Cor de rosa no comércio de Manaus

Da Redação Amazônia em foco

O brasileiro ainda mantém certo preconceito pela prática de futebol por mulheres. Esse sentimento é transparente até no comércio de Manaus, onde o tradicional verde e amarelo dá lugar à cor rosa, temática do novo filme da Barbie, onde em exibição na rede nacional de cinemas e também no mundo.

Ontem, o promotor Wesley Machado Alves apresentou uma ação judicial para suspender o ponto facultativo no TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas) e no governo do Estado em dias de jogos da seleção brasileira feminina na Copa do Mundo.

De acordo com Weslei, enquanto os funcionários do governo estadual e do TJAM terão carga horária reduzida nos dias de jogos, os demais trabalhadores que não integram o serviço público “estarão laborando e gerando impostos para o custeio do alto custo para a manutenção da Administração Pública”. Para ele, isso é uma “afronta a o princípio da moralidade”.

“Tem-se uma evidente afronta ao princípio da moralidade, já que apenas servidores públicos, remunerados por impostos pagos pela população receberão o privilégio de deixarem de trabalhar por várias horas, em detrimento da continuidade do serviço público, em prejuízo à tramitação dos tão demorados processos judiciais, em violação ao interesse público”, diz trecho da ação.

O ponto facultativo para funcionários do governo estadual consta em decreto publicado no dia 19 deste mês. No dia 24, primeiro jogo da seleção brasileira, servidores do estado iniciaram o trabalho às 11h. E na próxima quarta-feira (2), quando o Brasil enfrenta a Jamaica em uma partida marcada para às 6h (horário de Manaus), as atividades começarão às 10h.

Promotor manda acabar com ponto facultativo no Amazonas

No TJAM, onde o expediente corresponde a seis horas diárias, o horário reduzido consta em portaria publicada no dia 20 de julho. No primeiro dia de jogo, os servidores começaram a trabalhar às 11h e terminaram às 14h, ou seja, trabalharam apenas três horas.

Weslei afirma que, com o ponto facultativo, “milhares de servidores deixaram/deixarão de prestar serviços públicos de jurisdição, de polícia judiciária, de apuração de crimes, de educação, de saúde (salvo o que já estava agendado) e outros por causa de um jogo de futebol, que estará disponível para acesso gratuito em plataformas da internet”.

Para Weslei, a redução do horário de trabalho em dias de jogos gera desperdício de dinheiro público. “O ato de concessão de ponto facultativo viola o patrimônio público.

Desinteresse

Nas lojas do Centro de Manaus, as camisas nas cores verde e amarelo estão escondidas. É mais fácil encontrar roupas na cor rosa, por exemplo, do que qualquer item que lembre uma Copa do Mundo. Na segunda-feira (24), a seleção feminina brasileira venceu o Panamá por 4 a 0 na partida de estreia do campeonato mundial feminino, e mesmo assim, os comerciantes estão pouco empolgados para as vendas.

A mobilização de lojistas é tímida em comparação com o mundial masculino, quando as lojas ficam completamente enfeitadas.

“As pessoas estão mais atraídas no momento pela cor rosa, e eu acredito que seja pelo filme”

afirma a gerente de loja de roupas, Emanuelle Lima Barroso. Ela conta que não enfeitará o estabelecimento porque não há procura por peças em verde e amarelo.

“Nós não pretendemos enfeitar porque não há demanda pelo produto. Caso tenha, nós vamos enfeitar a loja de verde e amarelo. Em outro estabelecimento, apenas três camisas do Brasil estavam à mostra para os clientes. Segundo uma vendedora, nenhuma havia sido vendida ainda.

“A gente começou a colocar as camisas para exposição aos poucos. Conforme tiver demanda, a gente vai colocando mais, mas até então, não há procura”, afirma a vendedora, Jacqueline Pereira Lima.

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