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Claudine Castro

Claudine Castro

Psicóloga clínica, especializada em Relações Familiares na Abordagem Sistêmica


O Quarteto da Felicidade

Freud disse, certa vez, que preferia a companhia dos animais à dos seres humanos, porque eles eram mais simples.


Leleco, um cãozinho de rua abandonado. Hoje, ele tem até Instagram: @lelecoocaocoragem

Animais fazem parte da história da humanidade há milhares de anos. Através dos tempos, foram sendo domesticados. Mas nunca, como hoje, os estudos científicos se intensificaram para entender melhor essa relação entre animais de estimação e a saúde, notadamente a saúde mental.

No auge da pandemia da Covid-19, marcado pelo isolamento social de forma abrupta, com protocolos de proteção para todos, constatou-se que houve um aumento significativo pela procura e adoção de animais de estimação em diversos lugares do mundo. Em nossa família, por exemplo, adotamos Leleco, um cãozinho de rua abandonado. Hoje, ele tem até Instagram: @lelecoocaocoragem

Nos quatro primeiros meses da pandemia, em 2020, dados da ONG União Internacional Protetora dos Animais apontam um crescimento de 400% na procura por cães e gatos disponíveis para adoção.

Quais os benefícios que eles (os animais)

podem proporcionar para a nossa saúde mental em nosso dia a dia?

A presença de um animal em casa ajuda a afastar sentimentos de isolamento e solidão, principalmente entre idosos. Meus pais, até o final de suas vidas, aos 91 anos, conviveram com animais, a maioria cachorros.

Os pets, além de fazerem companhia aos humanos, ajudam a regular as emoções. Eles têm a capacidade, com seus jeitinhos ou jeitões, de proporcionar alegria, felicidades, elevando o humor, como também auxiliam seus donos a se exercitarem em momentos de recreação.

São companheiros, brincalhões, amigos genuínos. Estimulam a produção de neurotransmissores do bem-estar, como a endorfina, serotonina, dopamina, ocitocina, hormônios conhecidos como “O Quarteto da Felicidade”, que eu chamo (particularmente) de “quarteto fantástico”.

Nossos queridos companheiros auxiliam na redução da ansiedade, fortalecendo a autoconfiança e a autoestima. Sendo assim, são ótimas fontes de apoio emocional para portadores de depressão, TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), entre outros.

Vale considerar que este apoio não dispensa, de forma alguma, o acompanhamento psicoterápico ou psiquiátrico, ou mesmo os dois em conjunto, quando houver necessidade para pessoas em sofrimento psíquico.

É importante lembrar também da responsabilidade, do compromisso e da disponibilidade quando adotamos um animal de estimação.

Eles fazem tão bem ao ser humano que, em meados dos anos 1950, a dra. Nise da Silveira, psiquiatra, utilizou animais para tratamento de pacientes em hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro.

Portanto, não restam dúvidas dos benefícios trazidos por eles à humanidade, lembrando também que, hoje, muitas empresas permitem que seus empregados tenham a companhia de um animal durante as atividades laborais.

Cuidar de um animal, conviver com eles, é oportunidade única de amadurecimento, crescimento, transcendência e amor incondicional.

Se eu não tivesse convivido com eles, minha vida teria passado em brancas nuvens.

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